sábado, julho 04, 2009

A Primeira Carta de João

Introdução

De um ponto de vista estritamente literário, a Primeira Epístola de João (1Jo) poderia ser classificada como um sermão ou um discurso teológico. A razão é que não se encontra na carta qualquer menção de autor, destinatário, introdução, saudações e despedida. No entanto, desde os primeiros tempos do Cristianismo se tem reconhecido que este documento é, se não uma missiva pessoal propriamente dita, uma espécie de carta pastoral dirigida ao conjunto dos membros de algumas igrejas residentes em lugares próximos uns dos outros: pequenas congregações da Ásia Menor, necessitadas de instrução e conselhos que as ajudassem a viver em plenitude o testemunho da sua fé em Jesus Cristo que “veio em carne” (4.2-3).

Existe íntima ligação entre o Evangelho e a primeira epístola; com efeito, a epístola é de fato uma seqüência do Evangelho. Este traz a declaração especifica de ter sido escrito "para que creiais ser Jesus o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (Jo 20.31). A epístola foi escrita "a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus" (1Jo 5.13). O Evangelho foi escrito para despertar fé para com Jesus Cristo, fé vivificante; a epístola, para justificar a certeza da posse dessa fé, e para instruir nas verdades da mesma.

Data e Lugar da Redação

Sendo assim, a falta desses dados pessoais que são característicos do gênero epistolar, o presente escrito tem sido atribuído, desde o princípio, assim como também 2 e 3João, ao apóstolo João. Tradicionalmente, se admite que foi escrita em Éfeso, por volta dos anos 90.
Mesmo que se entenda como sermão ou como carta, o certo é que 1João está muito próximo do Evangelho Segundo João, tanto por razões de redação como pela ternura com que também ela chega ao leitor, por essa entonação cálida tão claramente perceptível em expressões como “filhinhos” ou “filhinhos meus” (2.1,12,14,18,28; cf. Jo 13.33; 21.5) e nas freqüentes notas como “vos escrevo” (2.7-26; 5.13).


Propósito da Epístola

A epístola foi escrita num tempo em que falsa doutrina, do tipo gnóstico, havia surgido e até levado alguns a se afastar da igreja (1Jo 2.19). O gnosticismo assumia muitas formas, porém sua idéia fundamental parece que sempre foi a seguinte: a matéria é má, só o espírito é bom, porém pelo saber (gr. gnosis), de uma espécie só conhecida pelos iniciados, o espírito do homem pode libertar-se de sua prisão material e erguer-se para Deus. Onde tal sistema se associou ou se uniu ao Cristianismo, seguiram-se resultados sérios. Em primeiro lugar, negava a possibilidade de uma real encarnação, porque, sendo Deus bom, não Lhe era possível que viesse a entrar em contacto com a matéria má; e isto, por sua vez, afastava a possibilidade da expiação, porque o Filho de Deus não podia ter sofrido na cruz. Outrossim, se a salvação vinha pelo saber, podia-se sustentar que era de todo sem valor uma vida correta, e as piores formas de gnosticismo acobertavam, com a capa do saber, nojentas licenciosidades. Esta epístola tem por finalidade, expressamente declarada, expor e refutar essas idéias errôneas. "João apresenta nesta epístola três sinais de um verdadeiro conhecimento a respeito de Deus e de comunhão com Ele, sem o que era falsa toda pretensão de se possuírem estes altos privilégios. Os três sinais são, primeiro, justiça de vida; segundo, amor fraternal; e terceiro, fé em Jesus como Deus encarnado". Esses três temas surgem continuamente, aqui e ali, através da carta.

Conhecendo o Autor da Carta

João, filho de Zebedeu e irmão de Tiago, é um dos mais conhecidos de todos os discípulos do Senhor. Entretanto, não é bastante conhecido por aquilo que escreveu sobre si mesmo, pois escreveu sobre o Senhor Jesus e não sobre si mesmo. O fato é que nunca escreveu seu próprio nome em nenhum lugar no Evangelho do qual é autor.

João é mencionado como o discípulo a quem Jesus amava. Obviamente Jesus amava a todos os Seus discípulos, mas parece ter havido uma afeição pessoal particular entre Ele e João. João acompanhou Jesus à sala de julgamento de Caifás (João 18:12-16). Permaneceu perto da cruz durante a crucificação do Senhor e Jesus deu-lhe a responsabilidade de cuidar de Sua mãe, Maria, depois da Sua morte (João 19:25-28). João foi o primeiro Apóstolo a chegar à tumba vazia de Jesus (João 20:4 e 5).

João foi um dos primeiros Apóstolos a sofrer perseguição pessoal depois da ascensão do Senhor. Pode-se ver isso comparando Atos 3:1 e 2 a Atos 4:1-3.

João teve seus problemas com o orgulho. Você se lembra de que ele foi um dos Apóstolos que requereu que fosse exaltado sobre o restante e sentar com seu irmão Tiago, um à direita e o outro à esquerda do Senhor.

Muitos acreditam que João viveu mais do que os outros Apóstolos. Acredita-se que tinha mais de 90 anos quando escreveu o livro do Apocalipse. João contribuiu com cinco livros para o Novo Testamento, dando-nos alguns dos maiores detalhes e compreensão espiritual sobre a divindade de Cristo, mais do que qualquer um dos seus Apóstolos companheiros.

João gastou seus últimos dias no exílio na Ilha de Patmos. Foi a partir daqui que nos deu o maravilhoso livro do Apocalipse. Devemos aprender com isso que o amor do Senhor não promete liberdade de perseguição. Promete que Cristo nos usará, estando nós com ou sem problemas, segundo o Seu propósito.

Conteúdo da Carta
Em primeiro lugar, João ressalta os temas do amor, luz, conhecimento e vida em suas advertências contra a heresia. Esses elementos repetem-se por toda a carta, sendo o amor a nota dominante. Possuir amor é evidência clara de que uma pessoa é cristã, e a falta de amor indica que a pessoa está nas trevas (2.9-11; 3.10-23; 4.7-21).
João afirma que Deus é a luz, e a comunhão com ele faz com que as pessoas caminhe em verdadeira comunhão com outros crentes. A comunhão com Deus e os irmãos permite que as pessoas reconheçam através da unção de Deus, a falsa doutrina e o espírito do anticristo.
A comunhão com Deus exige que se caminhe na luz e se obedeça aos mandamentos de Deus (1.6-7; 2.3,5). Aquele que “pratica justiça é justo, assim como ele é justo” (3.7), enquanto “qualquer que não pratica a justiça e não ama a seu irmão não é de Deus” (3.10). O amor ao Pai e o amor ao mundo são totalmente incompatíveis (2.15-17), e nenhuma pessoa nascida de Cristo tem o hábito de praticar o pecado (3.9; 5.18). Cristo é antítese do pecado, e ele se manifestou para tirar os nossos pecados (3.5).
O
cap. 4 continua com o tema da identificação dos espíritos rivais - falsos profetas que saíram para o mundo (v.1). A fim de testar os espíritos, nos devemos encontrar quem eles reconhecem como salvador e senhor. Todos os espíritos que não reconhecem que Jesus é Deus em carne não é de Deus (v.3).
A epístola termina com o testemunho de Jesus, o Filho de Deus. Jesus é aquele que veio. O título técnico do Messias é “aquele que havia de vir” ou “aquele que veio” (
Mt 11.3; 1Jo 5.6). João o identifica como aquele que veio pela água e pelo sangue, o Deus que veio e habitou entre nós, a palavra que tornou-se carne.

Cristo Revelado
João enfatiza tanto a divindade quanto a humanidade de Jesus, declarando que Deus entrou completamente na vida humana através dele. Um teste do Cristianismo é a crença correta sobre a encarnação (4.2,15; 5.1).
Jesus é nosso advogado junto ao Pai (2.1). O pecado não combina com a vida de um cristão; mas, se ele pecar, Jesus defende seu caso.
Jesus é a propiciação pelos nossos pecados (2.2; 4.10).
Jesus também é o nosso Salvador, enviado por Deus para nos resgatar do pecado (1.7; 3.5; 4.14). Apenas através dele podemos alcançar a vida eterna (5.11,12).
João apresenta a segunda vinda de Jesus como um incentivo para que permaneçamos firmes na fé (2.28), e ele oferece a garantia de que nossa completa transformação à semelhança de Cristo acontecerá no momento de sua volta.

O Espírito Santo em Ação
João descreve um ministério triplo do ES nesta carta. Em primeiro lugar, o dom do Espírito que nos assegura que em nosso relacionamento com Cristo, tanto ele é fiel a nós (3.24) como nós somos fiéis a ele (4.13). Em segundo lugar, o ES testemunha a realidade da encarnação (4.2;5.6-8). Em terceiro, o Espírito guia os verdadeiros crentes a uma completa realização da verdade em relação a Jesus, que eles podem se opor com sucesso aos heréticos que negaram esta verdade (2.20; 4.4).

Fontes:

Bíblia de Estudo Plenitude

Bíblia Ilúmina

Manual Bíblico do Professor

Site: Palavra Prudente (www.palavraprudentes.com.br)

O Novo Comentário da Bíblia

Comentário Bíblico do NT Matthew Henry


Um comentário:

  1. Meu querido, gostei muito da introduçao a carta de Joao e queria sua permissao pra copiar,,, e é logico que será citado como fonte............Desde ja agradeço........ Educarcristao.blogspot.com

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