terça-feira, maio 15, 2012

Carta à igreja de Filadélfia


Filadélfia era a mais jovem das sete cidades. Fundada por colonos provenientes de Pérgamo, sob o reinado de Atalo II, nos anos de 159 a 138 a. C.1 A cidade estava situada em um lugar estratégico, na principal rota do Correio Imperial de Roma para o Oriente. A cidade era chamada a porta do Oriente. Também era chamada de pequena Atenas, por ter muitos templos dedicados aos deuses. A cidade estava cercada de muitas oportunidades. John Stott comenta que era também chamada a cidade dos terremotos. Tremores de terra eram frequentes e tinham levado muitos antigos habitantes a deixar a cidade em busca de lugar mais seguro. O violento terremoto que devastou Sardes no ano 17 d.C., quase destruiu completamente Filadélfia.
Átalo amava tanto a seu irmão Eumenes que o apelidou de pbiladelphos, o que ama a seu irmão. Daí vem o nome da cidade.
Para essa jovem igreja, Jesus envia essa carta e nos ensina várias lições.



Jesus não só conhece a igreja, ele também
conhece a cidade onde a igreja está inserida

A mensagem de Jesus à igreja é contextualizada. Jesus conhecia a igreja e a cidade. Ele fazia uma leitura das Escrituras e também do povo. Sua mensagem era absolutamente pertinente e contextualizada. Ele falava uma linguagem que o povo podia entender. Criava pontes de comunicação.
Precisamos conhecer a Bíblia e conhecer a cidade onde estamos. Precisamos conhecer a mensagem e conhecer o povo para quem ministramos. Precisamos interpretar as Escrituras e a congregação da qual participamos. As estratégias que são boas para uma cidade podem não ser pertinentes para outra. Os métodos usados em um bairro podem não ser adequados para outro. Precisamos ousar mudar os métodos sem mudar o conteúdo do evangelho.
A cidade de Filadélfia fora fundada para ser uma porta aberta de divulgação da cultura e do idioma grego na Ásia. John Stott afirma que o que a cidade tinha sido para a cultura grega era agora para o evangelho cristão. Átalo criou a cidade para ser embaixadora da cultura helênica, missionária da filosofia grega,  mas Cristo diz para a igreja que ele colocou uma porta aberta diante da igreja para ela proclamar não a cultura grega, mas o evangelho da salvação. A razão por que a porta permanece aberta diante da igreja é que sua chave está na mão de Cristo.
A cidade fora castigada por vários terremotos, e as pessoas viviam assustadas pela instabilidade. Existiam muitos terremotos e grandes tremores de terra na cidade de Filadélfia. Muitos viviam em tendas fora da cidade. Paredes rachadas e desabamentos eram coisas comuns na cidade. Era uma região perigosamente vulcânica. O terremoto do ano 17 d.C., que destruiu Sardes, também atingiu Filadélfia. Mas para a igreja assustada com os abalos sísmicos da cidade, Jesus diz: "Farei do vencedor uma coluna no templo do meu Deus, de onde jamais sairá " (Ap 3.12).
A cidade fora batizada com um novo nome depois de sua reconstrução. Por volta do ano 90 d.C., com a ajuda imperial, Filadélfia tinha sido completamente reconstruída. Em gratidão, passaram o nome da cidade para Neo-cesareia - a nova cidade de César.  Mais tarde, no tempo de Vespasiano, a cidade voltou a trocar de nome, Flávia, pois Flávio era o apelido do imperador. Jesus, portanto, aproveita esse gancho cultural para falar à igreja que os vencedores teriam um novo nome: "Escreverei nele do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu da parte do meu Deus, e também o meu novo nome" (Ap 3.12). A igreja terá nela o nome de Deus gravado, e não o nome de César.

Jesus não apenas conhece a igreja, mas
apresenta-se como a solução para seus problemas

Para uma igreja perseguida pelos falsos mestres, Jesus se apresenta como o santo e o verdadeiro (Ap 3.7). Jesus não apenas se apresenta como Deus, mas destaca que ele é separado, possui santidade absoluta em contraste com os que vivem em pecado. Cristo é santo em seu caráter, obras e propósitos. Ele não é a sombra da verdade, é sua essência. Ele é Deus confiável, real em constraste com os que mentem (Ap 3.9). Ele não é uma cópia de Deus, é o Deus verdadeiro. Havia centenas de divindades naqueles dias, mas somente Jesus poderia reinvindicar o título de verdadeiro Deus.
Ainda hoje há seitas que se consideram os únicos salvos e os únicos fiéis que servem a Deus e não ousam atacar os crentes. Mas esses mestres mentem. Com eles não está à verdade. Devemos olhar não para suas palavras insolentes, mas para o Senhor Jesus que é santo e verdadeiro.
Para uma igreja sem forças aos olhos do mundo, Jesus a parabeniza pela sua fidelidade (Ap 3.8). A igreja tem pouca força, talvez por ser pequena; talvez por ser formada por crentes pobres e escravos; talvez por não ter influência política nem social na cidade, mas ela tem guardado a Palavra de Cristo e não tem negado seu nome.
A igreja era pequena em tamanho e em força, mas grande em poder e fidelidade. Deus, na verdade, escolhe as coisas fracas para envergonhar as fortes. Sardes tinha nome e fama, mas não vida. Filadélfia não tinha fama, mas tinha vida e poder. A igreja tinha pouca força, mas Jesus colocou diante dela uma porta aberta, que ninguém poderia fechar. A igreja é fraca, mas seu Deus é onipotente. Nossa força não vem de fora nem de dentro, mas do alto.
Para uma igreja perseguida e odiada pelo mundo, Jesus diz que ela é sua amada (Ap 2.9). Os judeus diziam que os crentes não eram salvos, porque não eram descendentes de Abraão e, por isso, não tinham parte na herança de Deus. Mas Jesus diz que não é a igreja que se dobrará ao judaísmo, mas os judeus é que reconhecerão que Jesus é o Messias e, por essa razão, virão e reconhecerão que a igreja é o povo de Deus e verão que Jesus ama sua igreja. A igreja será honrada. Aqui Cristo está com ela. No céu, reinaremos com ele e nos assentaremos em tronos para julgarmos o mundo. Somos o povo amado de Deus, seu rebanho, sua vinha, sua noiva, sua delícia, a menina de seus olhos.
Para uma igreja que guardou a palavra de Cristo nas provações, Cristo promete guardá-la das provações que sobrevirão (Ap 3.10). A igreja foi fiel a Cristo, e Cristo a guardará na tribulação. A igreja guardou a palavra, Cristo guardará a igreja. A igreja de Filadélfia não transigiu nem cedeu às pressões. Ela preferiu ser pequena e fiel a ser grande e mundana.
Hoje muitas igrejas têm abandonado o antigo evangelho por outro evangelho, mais palatável, mais popular, mais adocicado; um evangelho centrado no homem, não em Deus. Cristo, porém, é o protetor da igreja. As portas do inferno não prevalecerão contra ela. Ele é um muro de fogo a seu redor. Ela é o povo selado de Deus, e o maligno nem seus terríveis agentes podem tocar na igreja de Cristo. Ela está segura nas mãos do Senhor.
Jesus usa nessa carta três símbolos que regem toda a mensagem: uma porta aberta, a chave de Davi, uma coluna no santuário de Deus. É colocada diante da igreja uma porta aberta que ninguém pode fechar. Cristo é chamado como aquele que tem a chave de Davi, enquanto o vencedor é feito uma coluna no templo de Deus.

Jesus não apenas conhece as fraquezas da igreja, mas coloca diante dela uma grande oportunidade

A primeira porta aberta é a oportunidade da salvação. Jesus disse em João 10.9 que ele é a porta da salvação, da liberdade e da provisão. Ele também usou essa figura no sermão do monte: "Entrai pela porta estreita; larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e são muitos os que entram por ela; pois a porta é estreita, e o caminho que conduz à vida, apertado, e são poucos os que a encontram" (Mt 7.13,14). Vemos aqui duas portas, e ambas estão abertas: uma abre sobre uma rua larga e cheia de gente que caminha para a destruição, o inferno. A outra porta abre-se para um caminho estreito e escassamente povoado que leva à vida eterna. Jesus constrasta dois caminhos, duas portas, dois destinos. Ambas as portas estão abertas e convidando as pessoas. Para entrar na porta estreita, é preciso se curvar, não é possível levar bagagem e só pode passar um de cada vez.
A segunda porta aberta é a oportunidade da evangelização. As angústias da cidade são como que o grito de socorro dos homens, carentes do evangelho. Jesus fala de uma porta de oportunidade para se pregar o evangelho. Paulo via a idolatria da cidade de Atenas como uma porta aberta para falar do Deus desconhecido. Quando Paulo ficou três anos em Éfeso, pregando o reino, ele disse: "[...] porque me foi aberta uma porta grande e promissora" (ICo 16.9). Quando estava preso em Roma, apesar de já ter resultados tão fantásticos, conforme o relato de Filipenses 1, ele pede à igreja: "[...] ao mesmo tempo orando também por nós, para que Deus nos abra uma porta para a palavra, a fim de anunciarmos o mistério de Cristo, pelo qual também estou preso, para que o revele como devo" (Cl 4.3,4).
A igreja da Filadélfia, segundo John Stott, tinha três problemas para aproveitar a oportunidade dessa porta aberta:
Em primeiro lugar, a igreja era muito fraca (Ap 3.8). Era uma congregação pequena, formada de crentes pobres e escravos, fazendo com que tivesse pouca influência sobre a cidade. Mas isso não devia detê-la no evangelismo.
Em segundo lugar, havia oposição à igreja na cidade (Ap 3.9). Os judeus, chamados por Jesus, "sinagoga de Satanás", perseguiram a igreja. No começo, os crentes começaram a recuar, então Cristo disse para a igreja: coloquei diante de vocês uma porta aberta que ninguém pode fechar. Aqueles que hoje perseguem vocês, virão e se prostrarão diante de vocês e saberão que os amei.
Em terceiro lugar, a ameaça de futura tribulação (Ap 3.10). Seria aquele momento apropriado para evangelismo? Não seria um tempo para recolher-se e manter-se seguro, em vez de avançar? Cristo diz que não! Ele promete guardar a igreja e a encoraja a cruzar a porta aberta sem medo. Não basta ser uma igreja que guarda a Palavra (Ap 3.8). É preciso proclamar a Palavra. Não basta não negar o nome de Cristo (Ap 3.8). E preciso anunciá-lo. Não basta ser uma igreja ortodoxa, é preciso ser uma igreja missionária! Assim como a cidade tinha uma missão: ser a missionária da cultura grega, a igreja deveria ser a missionária do evangelho. A porta estava aberta. A porta está aberta, precisamos aproveitar as oportunidades enquanto é dia!

Jesus não apenas conhece as dificuldades
da igreja, mas dá-lhe uma grande garantia

Em primeiro lugar, Jesus tem em suas mãos toda autoridade. Quem tem as chaves tem a autoridade. Jesus tem não apenas as chaves da morte e do inferno (Ap 1.18), mas também a chave de Davi, a chave da salvação e da evangelização. Ninguém pode entrar até que Cristo tenha aberto a porta. Nem ninguém pode entrar quando ele a fecha. Se a porta é o símbolo da oportunidade da igreja, a chave é o símbolo da autoridade de Cristo.
Em segundo lugar, Jesus tem em suas mãos a chave da salvação. Ninguém senão Jesus pode abrir a porta da salvação. A chave está na mão de Cristo, e não na de Pedro. Jesus na verdade disse a Pedro: "Eu te darei as chaves do reino do céu" (Mt 16.19). E Pedro usou-as. Foi por meio de sua pregação que os primeiros judeus foram convertidos no Pentecostes (At 2). Foi imediatamente à imposição de suas mãos e das de João que o Espírito Santo foi dado aos primeiros crentes samaritanos (At 8). Foi através de seu ministério que Cornélio e sua casa, os primeiros gentios, foram salvos (At 10). Pedro, de fato, abriu o reino do céu para os primeiros judeus, os primeiros samaritanos e os primeiros gentios. Mas as chaves estão agora nas mãos de Jesus.
A porta da salvação foi e ainda está aberta. Todo aquele que se arrepende e crê pode entrar. Mas, um dia, essa porta será fechada. O próprio Cristo a fechará. Porque a chave que a abriu a fechará novamente. E quando ele a fechar ninguém poderá abri-la. Tanto a admissão como a exclusão estão unicamente em seu poder.
Em terceiro lugar, Jesus tem a chave da evangelização. Precisamos compreender a soberania de Cristo na realização de sua obra. Há portas abertas e portas fechadas. Quando ele abre, ninguém fecha; e quando ele fecha, ninguém abre. Ninguém pode deter a igreja quando ela entra pelas portas que o próprio Cristo abriu. Cristo tem as chaves e abre as portas. Tentar entrar quando as portas estão fechadas é insensatez. Deixar de entrar quando estão abertas é desobediência. A porta aberta é símbolo da oportunidade da igreja; e a chave, símbolo da autoridade de Cristo.

Jesus não apenas conhece a pobreza
da igreja, mas promete a ela uma grande recompensa e uma gloriosa herança

Em primeiro lugar, Jesus ordena a igreja a permanecer firme até a segunda vinda de Cristo (Ap 3.11). Jesus envia uma telegrama à igreja: "Venho sem demora!" (Ap 3.11). Só mais um pouco e chegará o dia da recompensa. A herança que ele preparou para nós é gloriosa. Cristo virá em breve. Não precisamos de nada novo. Precisamos guardar o que temos. Precisamos proclamar o que já possuímos. A coroa aqui não é a salvação, mas o privilégio de aproveitarmos as oportunidades de Deus na proclamação do evangelho. Jesus disse para a igreja de Éfeso que, se ela não se arrependesse, ele removeria seu candelabro, e realmente o removeu!
Em segundo lugar, Jesus garante que o vencedor será coluna no templo de Deus (Ap 3.12). Se nos tornarmos peregrinos nessa vida, seremos uma coluna inabalável na próxima. Aqui, os terremotos da vida podem nos abalar, mas, no céu, estaremos tão firmes e sólidos como a coluna do templo de Deus. Os crentes da Filadélfia podem viver com medo de terremotos, mas nada os abalará quando permanecerem como colunas no céu.
Em terceiro lugar, Jesus promete que o vencedor terá gravado em sua vida um novo nome (Ap 3.12). Esse novo nome terá o nome de Deus, da igreja, a nova Jerusalém, e o novo nome de Cristo. Pertenceremos para sempre a Deus, a Cristo e a seu povo. Viveremos com ele em glória.
A porta aberta representa a oportunidade da igreja. A chave de Davi, a autoridade de Cristo. E a coluna do templo de Deus, a segurança do vencedor. Cristo tem as chaves. Cristo abriu as portas. Cristo promete fazer- nos seguros como as sólidas colunas do templo de Deus. Quando ele abre as portas, devemos trabalhar. Quando ele fecha as portas, devemos esperar. Acima de tudo, devemos ser fiéis a ele para vermos as oportunidades, e não os obstáculos.


Fonte: Ouça o que o Espírito diz as igrejas - Hernandes Dias Lopes

7 comentários:

  1. Amigo e irmão Eduardo, passei e encontrei o seu blog e fiquei algum tempo a ler algumas coisas, me deixou maravilhado pelo que escreve, e ao ler suas postagens somos edificados. Gostei de poder encontrar alguém que ama Jesus, e pelo que li deu para notar que também ama o próximo. Que Jesus continue a derramar a Sua paz e unção sobre sua vida, deixo um convite se desejar fazer parte de meu blog eu ficaria radiante em ter pessoas assim como meus amigos virtuais, de seguida irei retribuir seguindo também seu blog. Obrigado que o amor de Jesus seja a cada dia consigo e com sua familia. António Batalha.

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  2. a Paz, ótimas mensagens aqui no seu blog, que Deus continue te usando cada vez mais!! Visite-nos http://expressao-jovem.blogspot.com/

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  3. Passei e li seu blog e fiquei muito satisfeito, porque encontrei algumas respostas que procurava e encontrei muito conteúdo. Que Deus abençoe VC e lhe dê muito e ntendimento muito sucesso...

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  5. A paz. Muito bom o estudo.
    mais me tire uma dúvida as outras igrejas chegaram a perseguir a igreja de Filadélfia?

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  6. A paz do senhor muito bom estudo eu sempre na minha igreja.pode?

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  7. Eu sempre uso na minha igreja eu posso fazer isso?

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